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segunda-feira, 18 de abril de 2011

joãओ grilo

[red]João Grilo



O João Grilo era um homem que resolveu ser adivinhão. Ele falou que ele ia dar para adivinhão e ia adivinhar tudo que perguntasse a ele.

Aí a mulher dele falou:

— Olha, eu tenho certeza absoluta que a sua adivinhação vai dar em porcaria, mas na maior porcaria do mundo.

Ele falou:

— Será possível?!

Aí mandou fazer um letreiro e botou no boné assim, na frente assim: João Grilo Rei do Adivinhão.

Aí o rei soube que tinha esse homem na cidade, mandou chamar ele. Ele foi lá pra casa do rei, o palácio, bateu palma, os guardas conduziram ele, chegou até a presença do rei.

O rei falou:

— Olha, eu quero que você adivinhe o que está dentro desta tigela.

Uma tigela muito bem preparada ali em cima de uma mesa, mas ninguém suspeitava do que estava ali dentro.

Aí ele disse:

— Eta ferro, bem a minha mulher falou que a minha adivinhação ia dar na maior porcaria do mundo!

E de fato era mesmo "aquilo" que estava ali.

Aí o rei falou:

— É, João Grilo, você está certo. Você adivinhou mesmo, é a maior porcaria do mundo.

Passou uns dias, sumiu três colheres de ouro do rei. Aí o rei mandou chamar ele sem falta. Falou:

— Olha, com pena de morte você tem que adivinhar onde é que estão minhas colheres de ouro.

Aí João Grilo bateu pro palácio outra vez. Chegou lá ele falou:

— Eu quero ficar dentro de um quarto, pra mim poder fazer meu trabalho. Todo dia o senhor manda um criado levar almoço ali, janta, e eu vou conversar com os criados do senhor.

Aí quando foi no primeiro dia o criado chegou, deu almoço a ele e a hora que o criado lá ia saindo ele falou:

— É, já foi um, falta-me dois.

Aí o criado falou:

— Nossa Senhora, esse homem está adivinhando mesmo.

Aí chegou lá e falou com o outro o que que tinha acontecido com ele.

Quando foi no outro dia, foi o criado levar almoço pro João Grilo. Aí a hora que o criado saiu do quarto João Grilo olhou pro criado e falou:

— É, já foi dois, falta-me um.

Mas o que ele estava analisando é que foi dois dias. O prazo era só três dias. No fim de três dias, se ele não adivinhasse ele ia pra forca e o que ele estava contando era isso e o criado estava interpretando o negócio de outro jeito.

Aí quando foi no terceiro dia, o criado chegou, o João Grilo, a hora que o criado lá ia saindo, João Grilo falou:

— É, já foi-se os três, agora não falta nada.

O criado bateu de joelho no chão, falou:

— Seu João, pelo amor de Deus, o senhor não conta nada ao rei não que fomos nós que roubamos os talheres de ouro!

Ele falou:

— Não, eu sei que é vocês. Eu sei, eu estou sabendo que é vocês que roubaram, mas não queria é condenar vocês, não é? Agora vocês me trazem os talheres de ouro aqui, eu vou na presença do rei e fica tudo certo.

Aí os criados trouxeram os talheres de ouro, entregaram a ele, foram pra reverência bonita ao rei. Aí ele passou a ter confiança na casa e a ir na cozinha e tudo, o rei passou a gostar dele.

Aí quando foi no outro dia, o rei e a rainha e João Grilo saíram pra dar um passeio nos jardins. Tinha um grilo pousado numa folha assim, uma folha de rosa, a rainha foi pertinho assim, deu um bote no grilo dentro da mão, mas sem João Grilo ver, não é? Foi, chegou perto dele, falou:

— João Grilo, quero que você adivinhe que é que está dentro da minha mão!

Ele falou assim... falou:

— Aonde está metido o pobre Grilo!

Mas era ele, em que situação ele se encontrava!

A rainha falou:

— Justamente, era um grilo que eu tinha na minha mão!

Aí ficou considerado o maior adivinhão daquele tempo.

(Paixão, Ana Rita (org.). Contos populares fluminenses. Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura / INEPAC, sd, v.1, p.192-194)